quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Prolixidade feminina


Texto: Amélia Dolores Berti

Para início de conversa, confesso que não foi fácil escolher um tema deste nosso primeiro contato. Por natureza complicamos, ampliamos, dimensionamos nossos opostos de forma tão intensa, que tudo se torna importante.


Retomando esse viés, escolhi refletir um pouco sobre esta prolixidade feminina que, embora se objetive na expressão verbal, está em todas as dimensões de nosso ser. Apesar de termos uma maneira especial de ser e traços que nos identificam como tal, nossas variações nos confundem e, por vezes, nos percebemos enigmas de nós mesmas.

Nosso humor varia, ora somos tranquilas, ora alteradas, ciclamos, para início de conversa (menstruamos), a variação até biologicamente é inevitável. Com esse turbilhão interno, contudo, somos capazes de equilibrar e manter comportamentos estáveis através do empenho contínuo em nos relacionar de forma adequada.

Nosso cérebro emocionalizado e empático nos dá o dom da compreensão, de nos colocar no lugar do outro, da solidariedade. Por outro lado, nos complica com doações exageradas e mágoas pelo não reconhecimento.

E nossas escolhas? Quanto ao nível material, até se tornam mais fáceis, mas as de um companheiro, por ex: um problema, tem que ser amoroso, sensível, mas não demais. O machão, nem pensar, mas não gostamos se não é. A psicologia explica, mas de fato isso se torna um grande complicador das relações conjugais.

Com tudo isso e muito mais, ainda persiste em nós o grande orgulho de ser mulher. Analisando bem, vivemos esta polaridade condensando sentimentos opostos que, em menor ou maior grau, estão presentes no homem, mas nós podemos expressar e somos perdoadas porque essa condição da mulher permite. Na maternidade, então, expressada de varias formas, nos redime de tudo.

Ao mesmo tempo que encarnamos a sensibilidade, em certos momentos da existência, temos a garra de um felino para lutar pela sobrevivência e defender os que amamos. Seguramos ‘’barras’’ jamais previstas, e o tempo vai nos permitindo atualizar nosso lado valente, secreto até então.

Harmonizar nossos opostos e drená-los para o caminho do enriquecimento pessoal é o grande desafio. Vamos lá!

4 comentários:

  1. Me encontrei no teu texto. Acabo de perder meu marido e estou tentando lidar com a ausência como esperança no tempo que espero que abrigue somente a saudade! Vou estar no encontro sábado. Bjs

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    1. Vera, que ótimo podermos contar com tua presença. As perdas, embora façam parte do caminho, nem por isso deixam de ser dolorosas. Somos solidárias à ti e família. Sinta-se abraçada por nós!

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    2. Vera, agora sei que é o momento de lastimar a perda, porque provoca um rombo dentro de nós e temos o direito de curti-la, assim como é. Certamente o tempo se encarregará de abrir novos horizontes que te darão oportunidades de vislumbrar novas experiências de realização pessoal e alegria de viver. Este amor vivido, te acompanhará como um bálsamo a regar teu caminho no sentido de outras buscas gratificantes. Conte sempre conosco. Beijos.

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  2. Maravilha de texto sobre as nuances femininas...esse fragmento é tudo: "Apesar de termos uma maneira especial de ser e traços que nos identificam como tal, nossas variações nos confundem e, por vezes, nos percebemos enigmas de nós mesmas."

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