terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Perdas + ganhos = crescimento e evolução

Texto: Amélia Dolores Berti

Desde que nascemos até a velhice, passando pela infância, adolescência adultez, a vida nos obriga a abandonar vinculações mais profundas para entrar na etapa seguinte. Isto implica na elaboração dos lutos das perdas e satisfações pelos ganhos.

A situação se repete também na escolha do cônjuge. Inicialmente entramos numa simbiose que ninguém sabe bem quem é quem, semelhante à indiferenciação mãe/criança. Na paixão há um sentimento de unidade, tipo viver o outro dentro de si, assim como algo que nutre como o seio materno, embora isto aconteça muito a nível inconsciente. À medida que vamos convivendo, esta mistura de dois em um vai se dissipando e vamos enxergando o outro como ele é, bem como a nós mesmos com os nossos sentimentos mais verdadeiros e menos idealizados.

Daí para adiante começam as “surpresas” desagradáveis junto com sentimentos de desilusão que podem causar muitos conflitos, porém quando superados através da compreensão e amor a relação é reforçada  com vínculos mais genuínos e realistas.

Nasce o filho: aqui temos novamente ganhos com o prazer da maternidade e perdas relacionadas com o distanciamento do parceiro e até de si mesma. Freud fala da causa do medo de morrer ao parir causado pelo sentimento de anulação. Porém isto se dissipa logo ao se ter o filho no colo.

Segue a vida em família e até quando a surge a necessidade da quebra da convivência diária com a saída das crianças à escola, mais tarde com a universidade e por fim a “síndrome do ninho vazio”, onde o par conjugal com foco um no outro necessita reformular seus planos de vida.

Em toda esta trajetória, o que parece mais angustiante é a “revolução copérnica” que temos que fazer, primeiro deixando de ser a pessoa nutrida para aprender a nutrir,  depois voltar para nós mesmos e aprender a lidar melhor consigo. Então podemos perguntar: Qual o saldo desta trajetória? Estou satisfeita? Sinto-me gratificada? Valeu?

A resposta poderá sempre ser positiva depende de qualificarmos o que foi legal e dar um sentido ao que não foi, ele sempre existe, basta buscá-lo. Nosso coração e a mente têm subsídios para isto. Então teremos reservas para encontrar gosto pela vida, mesmo tendo passado por momentos difíceis por todas estas fases, pois elas sempre oportunizam grandes aprendizagens, lapidam nossas arestas, mudam nosso olhar para o futuro, apontam para ideais mais elevados. Com esta postura transcendente, abrem-se novos caminhos para novos vínculos  e novas realizações. 

A crença de que sempre é possível aliada à solidariedade garantirão este acontecer cada dia mais gratificante. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário