Texto de:Amélia Dolores Berti
Observo, em meus contatos, muitas
pessoas sofrerem por expectativas não alcançadas e a expressão mais comum é:
“Eu não esperava!”. Fico analisando como a mente prega peças de um modo tão
sorrateiro que não oportuniza o dar-se conta de que uma expectativa não garante
a realização de um desejo.
Vivemos com expectativas de toda a
ordem: quando buscamos emprego, ao realizar um concurso, ao fechar um contrato,
quando contamos com alguém, enfim são anseios que aparecem em múltiplas
situações. Isto é compreensível, pois desejar é inerente ao ser humano.
Contudo, o fato é que ao se esperar algo sempre há duas possibilidades,
acontecer ou não. As frustrações aparecem porque se conta como certo algo que
não depende só de nós, mas de fatores externos sobre os quais não temos
controle. Nas relações interpessoais,
então, isso é recorrente, contamos com atitudes que estão na nossa mente e não
necessariamente na mente do outro.
Temos uma série de demandas internas
oriundas de nossas vivências ao longo da vida, além de necessidades a serem
satisfeitas, que são exacerbadas na relação a dois. Espera-se do outro o que se
combina verbalmente e presume-se que ele deva se dar conta sem necessidade de
falar. Isto funciona como um “contrato secreto” nem sempre consciente e que
quando quebrado é motivo de muita insatisfação e mágoa. Isto vai desde uma
pequena atenção, um carinho, uma ajuda, uma tarefa, até um sacrifício que é
normalmente decodificado como um gesto de amor.
Questões ligadas à ideia de
reciprocidade também geram muitas expectativas, especialmente as que se referem
a atitudes que temos com os outros. Se pensa, por exemplo: Se sou generosa com
alguém devo ser retribuída da mesma forma, quando presto alguma ajuda, quando
me dedico, quando sou fiel e muitas outras atitudes que tenho, normalmente são
esperadas daqueles que são, de uma ou outra forma, favorecidos. Claro que seria
bom se realmente acontecesse, mas nem sempre, pois os contratos relacionais,
falados ou não, diferem de pessoa a pessoa e isto se revela nas atitudes
contraditórias. Isso acontece nas mais variadas áreas; é difícil não se esperar
a retribuição de um amigo, a consideração e até um elogio de um superior, o cumprimento de alguém que se estima e, o que
parece impossível, o amor de um filho.
Qual a solução
- Penso que para diminuir esses pensamentos
que ocasionam tanto mal estar primeiro é preciso partir de uma proposta de
mudança contínua. Seria uma aprendizagem, um treinamento que pressupõe a captação
das mensagens mentais inadequadas e a substituição delas por outras mais
realistas. Esta postura mental deverá diminuir as expectativas, nem que o preço
seja ser menos dadivoso. Muitas vezes quem dá muito espera muito e quem se
sacrifica, cobra. Fazer pelo outro sim, porque é um valor nosso, aliás sempre é
uma demanda nossa, consciente ou não. Se puder não esperar nada, melhor. Pessoas
mais maduras aprendem a doar sem esperar, mas é raro não esperar
reconhecimento.
- Focar as expectativas em nós mesmos,
sem exigências demasiadas, em termos
metas a ser atingidas ou como tentativas de busca.
- Abrir espaço para a esperança que,
diferente da expectativa, coloca objetivos a longo prazo. Por sua natureza é
mais flexível e nos impulsiona a realização de atos capazes de assegurar
confiança a em nós mesmos, na vida, no universo ou em um ser superior. Enquanto a expectativa possui
um caráter mais racional, mais rígido, a esperança atua como uma força interior
ligada a sentimentos positivos e à fé que anima.
Com esta postura existencial,
diminuindo as expectativas sobre o outro e aumentando com relação a nós mesmos,
colocando sempre como uma possibilidade
a ser atingida ou não, certamente
diminuiremos ansiedades criadas pelas mensagens mentais enganosas. Será um
processo de mudança gratificante e
construtivo quando alicerçado pela ESPERANÇA que conforta e anima, principalmente diante das vicissitudes.
Estaremos, certamente realizando a
prática nobre do agradecimento, da
serenidade e da sabedoria.
Obrigada por compartilhar . SandraGranetto
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