Texto: Sandra Granetto
A civilização do Antigo Egito estendeu-se por um longo período de quase três milénios, constituindo um dos exemplos mais interessantes das chamadas culturas pré-tecnológicas arcaicas. A principal fonte de informação acerca da atividade médica chegou através dos rolos de papiros. Existem 14 rolos de papiros médicos, em diferentes estados de conservação, a maior parte correspondendo ao Império Médio (2050-1800 anos AC), mas contendo referências ao Império Antigo (2700-2185 anos AC).
A farmacologia do antigo Egito constituía uma grande parte
da medicina da época, como se pode ver pelo chamado papiro farmacológico de
Ebres. Com uma grande auréola mística, cada receita envolvia uma complexa preparação
de medicamentos, em que os compostos provinham do reino mineral, vegetal,
animal ou de substancias provindas de combinações das três origens. Encontram-se,
nesse papiro, diversos remédios contra o cancro, as doenças de pele, as
perturbações ginecológicas e até, mesmo, para tratamento das sequelas do
abortamento. A Deusa Hator, era a deusa da maternidade e da fecundidade,
protetora das mulheres.
Os médicos do antigo Egito eram famosos pelos conhecimentos
em ginecologia.
Papiros médicos mostraram que as jovens esposas letradas,
poderiam consultar estes papiros e cuidar de diversas doenças que viessem
acometer a sua família. Grande parte dos textos tratava-se das doenças
especificas do sexo feminino. Estes papiros descreviam diagnostico baseado na
sintomatologia e orientavam os tratamentos adequados. Os médicos egípcios
distinguiam as infecções uterinas, vulvares ou vaginais e foram capazes de
diagnosticar o câncer do útero, descrevendo-o como “uma doença que devorava os
tecidos“.
A fertilidade era importante para as mulheres. Os filhos
eram vitais para contribuição ao trabalho e para a continuidade da família.
Alguns textos apresentam receitas para problemas de
reprodução, prognósticos de nascimento. Contracepção e aborto. Numerosas
pequenas figuras de pedra, representando mulheres com órgãos genitais exagerados,
foram encontradas e, talvez pudessem ter sido oferecidas pelas mulheres que buscavam
a própria fertilidade, como oferenda aos deuses.
O papiro que reconhece como eram atendidos os partos e o Papiro
de Ebers (1500 A.C.) por ele sabemos que os partos eram domiciliares. A
parturiente se adaptava na posição mais fisiológica para parir, de cócoras ou
de joelhos sobre uma “cadeira de parto”, feita de ladrilhos e tijolos com um
buraco central utilizado também como banheiro. Foram encontradas varias delas nas
escavações egípcias.
As mulheres eram enfaixadas para assim aumentar a pressão abdominal
e ajudar na expulsão do feto. Era frequente
utilizar supositórios vaginais
para lubrificar o canal de parto.
O médico especialista em obstetrícia se chamava “sunu”.
Mesmo que a grande maioria dos partos fosse domiciliar,
existiam as maternidades publicas, onde davam a luz em bancos especiais. Quando
aconteciam roturas, eram suturadas. Não tinham anestesia como conhecemos atualmente,
usavam creme de pó de açafrão, fumaça de terebintina e pó de mármore dissolvido
em vinagre.
Depois do parto, o cordão umbilical era cortado com uma faca
especial e a placenta era guardada para ser utilizada como tratamento. E em
algumas ocasiões era mumificada junto com o cordão umbilical como parte do
enxoval funerário, era enterrado na porta da casa ou era arremessado ao Rio
Nilo para assegurar a sobrevivência do recém-nascido.
Depois de parir as mulheres se retiravam durante duas
semanas em uma tenda de purificação, pois se consideravam impuras por terem
estado em contato com sangue.
A amamentação se prolongava até os três anos. O leite
materno era utilizado como “água de proteção” e se utilizava para curar resfriados,
cólicas, queimaduras, infecções oculares e para aumentar a potencia sexual.
O primeiro texto médico sobre métodos anticonceptivos se encontra
no papiro de , onde se encontram conselhos e prescrições de emprego de esterco
de crocodilo misturado com pasta de carbonato de sódio.
Relatos de contraceptivos intra vaginais com ingredientes
como resina de acácia ,mel e leite azedo, seriam os espermaticidas. Entre os
métodos para diagnosticar a gravidez, estava a quantidade de vezes que a mulher
vomitava quando era colocada sobre uma mistura de cerveja com odores fortes .
Os antigos egípcios tinham grande conhecimento em medicina, e
possuíam avanços tecnológicos na área de ginecologia e obstetrícia.