Com esse texto incrível da Silvana Boone desejamos um excelente
Dia Internacional da Mulher!
Contrariada, começo este texto!
Me parece machista e me lembra o mundo animal que o ser humano criou: um animal sendo carneado, pendurado de pernas pro ar, desfalecido, pronto a tornar-se apenas...carne! Crio uma imagem mental sobre o que quer dizer “toda mulher sangra”! Desisto de escrever...
Recomeço.
Aos poucos, vou lendo as imagens de Miriam Cardoso de Souza: fotografias em preto e branco. Elas não têm cor, mas eu começo a vê-las elas em vermelho...vermelho-SANGUE.
Mulheres de todas as idades, de todos os tipos físicos, de todas as crenças e profissões. Vi vermelho, mas começo a ver sangue:
sangue que brota da voz que grita e sussurra;
sangue que corre pelas mãos e pés calejados na terra, na pedra, no ferro, na água, na rua...
sangue que se esconde sob todas as cores da pele;
sangue que escapa do corpo mês a mês e
a felicidade pela sua ausência no mês seguinte...
Sangue que alimenta o coração, nas suas duas metades:
razão/ emoção; coragem/ medo; grito/ silêncio; alegria/ tristeza; partidas/ chegadas; filha/ mãe; mulher/ homem; mulher/ mulher.
Penso, então: toda mulher sangra! Um ciclo ininterrupto, às vezes uma hemorragia existencial que
sangra pelas entranhas quando dói,
sangra pelos olhos quando se sente ameaçada,
sangra pelos ouvidos, quando ouve o que não queria ouvir,
sangra na ponta dos dedos, quando o trabalho é trabalho.
E ainda:
sangra por todos os poros quando ama;
sangra por todos os poros quando deixa de ser amada,
sangra por todos os poros quando a morte lhe rouba seus pais,
sangra por todos os poros, quando a morte lhe rouba seus filhos,
sangra por todos os poros quando não pode sangrar,
sangra por todos os poros quando sangra...por tudo e por nada.
Sangra, sangra, sangra... e na mais anêmica das situações, sem transfusão, lava o sangue sobre o seu corpo, cobre os poros com seu hidratante, com a sua maquiagem diária, seu batom vermelho (sangue ?) e segue a vida.
Clique aqui e confira as fotos da exposição Toda Mulher Sangra, da fotógrafa Tamanho Único Miriam Cardoso de Souza.
Maravilhoso!
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